Tlahui-Politic. No. 8, II/1999
Desaparecimento de filho de professor da UFF
Información enviada a Mario Rojas, Director de Tlahui. Brasil, a 30 de Septiembre, 1999. Desaparecido!
O quanto voces puderem divulgar esta nota com a foto do rapaz
desaparecido
sera excelente, eh muito duro a falta de um filho, vamos torcer para
que
alguem tenha noticias...
Enviem, por favor, esta mensagem para o maior nr. possivel de
pessoas.
Enviei para alguns de voces que estao ou podem ter algum contato em
outros
estados tambem. Quem sabe se esse mail nao chega a alguem que sabe
do
rapaz?
Assunto: Desaparecimento de filho de professor da UFF -
Niteroi, 22 de junho de 1999.
Caras/os colegas,
Estou vivendo a situacao de "pai de um desaparecido". Um
desaparecido dos
anos 90. As 3 horas da madrugada do dia 7 de fevereiro, ao final de
um show
de musica, meu filho Pedro disse aos seus amigos que estava indo
para casa e, apos mais de quatro meses, estou
sem
nenhuma noticia sobre
o seu paradeiro (ver detalhes no anexo).
Desde entao, enfrento uma luta interna entre assumir esta identidade
de
"pai de desaparecido" e continuar procurando meu filho ou tentar
acreditar
que o Pedro afastou-se para encontrar sozinho um sentido para sua
vida.
Mas quem pode abandonar a busca por um filho de 19 anos que
desapareceu sem
dinheiro, so com a roupa do corpo, que estava em tratamento com
antidepressivo, do qual nao se tem noticias ha tanto tempo e que
pode estar
internado em algum hospital ou andando desorientado pelas ruas de
uma
grande cidade?
Quem pode desistir de cobrar das autoridades publicas
investigacoes que
fornecam algo mais do que "noticias ruins chegam depressa", sabendo
que
Pedro pode ter sido morto por engano e seu corpo ocultado ou
destruido?
Quem pode viver tranquilo sabendo que o filho desapareceu as 3 horas
da
madrugada sem deixar vestigios numa sociedade tao violenta?
Nestes quatro meses, minha esposa Iara Benevento e eu procuramos
Pedro em
necroterios e em hospitais gerais e psiquiatricos e nas ruas do Rio
e
Niteroi onde teria sido visto como mendigo, estivemos com o Sr.
Secretario
de Seguranca Publica do Rio de Janeiro e fomos ao Ministerio Publico
do Rio
de Janeiro para solicitar providencias, divulgamos a sua foto nos
meios de
comunicacao do Rio de Janeiro e, ate agora, nao conseguimos nenhuma
informacao concreta.
Por que estou enviando esta mensagem? Escrevo porque preciso
compartilhar
este momento dificil com o maior numero possivel de pessoas. A
solidariedade das pessoas tem sido fundamental para eu conseguir
suportar a
angustia e as frustracoes durante a busca por meu filho e tambem
para que
eu exerca a minha cidadania exigindo que as instituicoes publicas
desempenhem adequadamente suas funcoes.
Tenho tambem a expectativa de descobrir novos meios para obter
alguma
noticia sobre Pedro. Gostaria de entrar em contato com pessoas que
viveram
e/ou tomaram conhecimento de situacoes semelhantes e gostaria de
receber
sugestoes sobre o que fazer.
Finalmente, escrevo porque minha ultima esperanca para conseguir
alguma
noticia sobre o Pedro repousa em uma divulgacao macica do seu
desaparecimento, inclusive atraves das sociedades / Associacoes
cientificas
ou profissionais. So a construcao de uma rede extensa de
solidariedade pode
ajudar o Pedro e outras pessoas desaparecidas.
Acredito que somente uma ampla divulgacao nacional pelos meios de
comunicacao sera capaz de, por um lado, resultar numa investigacao
adequada
sobre as circunstancias que precederam o seu desaparecimento e, por
outro
lado, fornecer informacoes que assegurem que Pedro esta vivo e com
saude.
Desta forma, gostaria de contar com o seu apoio para a divulgacao
desta
mensagem e para a realizacao de outras iniciativas que possam
esclarecer o
paradeiro de Pedro e coloco-me a sua disposicao para fornecer outras
informacoes, bem como para enviar cartaz com foto do Pedro.
O meu telefone residencial e (01521 ou 02121) 7094051 e o celular
99895928.
Atenciosamente,
Luiz G Gawryszewski
Professor Adjunto do Departamento de Neurobiologia da UFF
ANEXO:
Segundo as ultimas pessoas a estarem com Pedro, ele despediu-se de
seus
amigos ao final de um show realizado no Bar 107 localizado na
Avenida
Roberto da Silveira em Icarai, Niteroi as 3:00 da madrugada no dia
07 de
fevereiro de 1999, dizendo que iria para a sua casa localizada no
bairro de
Sao Domingos, Niteroi. Nao chegou a sua casa e desde esta data
nenhum amigo
ou parente teve contato com ele. Alem disso, nao encontramos nenhum
registro de sua presenca em hospitais de Niteroi e Rio, nem no IML
de
Niteroi ou do Rio. Apos ampla divulgacao pelos meios de
comunicacao na area do Rio de Janeiro, inclusive pela televisao, as
unicas
informacoes que recebemos e que ao foram confirmadas apos busca
exaustiva
foram as de que Pedro estaria andando desorientado pelas ruas do Rio
e
Niteroi. Pedro tem 19 anos, e de cor branca com cabelos e olhos
castanhos,
tem 1,85 m de altura, pesa cerca de 80 kg e apresenta uma cicatriz
na
sobrancelha esquerda. No dia do seu desaparecimento vestia camisa
creme,
calca jeans marrom e sapato de camurca marrom. No mes anterior ao
seu
desaparecimento, Pedro esteve internado no Hospital Estadual
Psiquiatrico
em Jurujuba, Niteroi, e na epoca do seu desaparecimento estava
fazendo uso
de medicamentos antidepressivos, interrompendo o tratamento. A
ocorrencia
do seu desaparecimento foi registrada no dia 10 de fevereiro sob o
numero
000.438/0077-99 na 77* Delegacia em Niteroi. No dia 18 de marco, sem
que
fosse feita qualquer outra diligencia alem da tomada do depoimento
da mae
de Pedro, o processo foi encaminhado a Delegacia de Homicidios
atraves do
memorando 1318/077/99, onde foi aberta a sindicancia 172/99 na secao
de
paradeiros.
Luiz G Gawryszewski, M.D., Ph.D.
Departamento de Neurobiologia - UFF CAIXA POSTAL 100.180
24.001-970 Niteroi RJ BRAZIL
FAX: (01521 OU 02121) 7195934
E-mail: gavri@nthink.com.br mailto:gavri@nthink.com.br
From: Anarquista Agnostico Punk anarquista@yahoo.com
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