Tlahui-Politic. No. 8, II/1999
Indios Pataxós - Bahia-Brasil
Información enviada a Mario Rojas, Director de Tlahui. Brasil, a 31 de Agosto, 1999. Indios Pataxós - Bahia-Brasil.
Companheiros,
este texto se refere à luta pela terra dos Pataxó no Monte Pascoal,
extremo sul da Bahia. A ação dos índios, de RETOMADA dos seu
território tradicional bate de frente com as comemorações oficiais;
o governo tem pressionado para que os índios sejam retirados da
área. Até o momento há resistência. Favor - se possível -traduzir
para o espanhol e divulgar. abraços, até o encontro em Belém.
Sumário Santana
Cimi Leste - na Bahia
Site: www.encontroamericano.com.br
O MONTE PASCOAL DOS ÍNDIOS RETOMA A HISTÓRIA DE TODOS O POVOS
Uma semana após a RETOMADA dos Pataxó no Monte Pascoal, extremo sul
da Bahia, fica evidente o medo e ojeriza das elites - representadas
pelo governo federal e pela rede globo - por movimentos de liberdade
e afirmação original contra a história de dominação colonial. Uma
semana depois, e a Funai propaga aos quatro cantos a nomeação do GT(
grupo técnico) para identificar a TI(terra indígena) de
Corumbauzinho,no Prado e a Revisão dos limites da TI de Barra Velha,
isso sem nem ter forçado a publicação no DOU(diário oficial da
união), quem de fato "oficializa" o pleito; mas a Funai não diz aos
ventos que o GT foi consequência da pressão dos Pataxó e do
Ministério Público Federal, ao longo dos meses. A Resposta dos índios
veio logo, de maneira singular.
Subestimando os índios e a sua potencial força criativa, o Ibama -
com os seus funcionários congelados - há meses vem se portando como
os guardiões da floresta atlântica, menosprezando a presença
inelutável dos reais protetores e o passado histórico do povo há
décadas enxotado de sua casa; só que o Ibama esquece de dotar-se de
força protetora da mata, contra os madeireiros, contra os
negociantes, que periodicamente visitam os seus escritórios fechados.
Contra estes mesmos madeireiros o Ibama não usa de mecanismos
jurídicos para impedir as suas ações nefastas, mas contra cidadãos
que ensejam soluções reais e justas para um problema que se arrasta
há mais de meio século, imprime processos esdrúxulos, só vistos no
período da ditadura militar.
Enquanto isso, a imprensa manipula as informações, sugerindo em suas
notícias, a ilegalidade da ação dos índios atribuindo-lhes uma pecha
de devastadores da mata atlântica, para encobrir a questão
fundamental, que se relaciona à questão da resistência na terra, no
contexto das comemorações dos 500 anos; essa manipulação,
infelizmente, tem seduzido alguns segmentos, principalmente os
ambientalistas que não conhecem a realidade vivida pelos Pataxó, nem
a trajetória histórica de perda do seu território, violência e
discriminação contra as suas comunidades. Junto a isso, a implacável
perseguição dos agentes florestais do Ibama(e antigo IBDF) foi e tem
sido o espelho de como se pautou até os dias de hoje as relações do
estado brasileiro para com as suas populações tradicionais.
Neste sentido, a ação dos Pataxó atinge em cheio os caprichos e brios
das autoridades que se dizem responsáveis pelo desenvolvimento
regional em curso e joga por terra a lógica imediatista dos projetos
turísticos para as comemorações dos 500 anos, elaborados nos
gabinetes dos ministérios do MAD; a ação dos Pataxó interfere
diretamente na euforia branca das comemorações dos 500 anos. A ação
Pataxó foi radical e muda o curso da história. É uma convocação geral
aos povos indígenas para a construção de outros 500, para o início de
quebra da hegemonia colonial e imperativa, sustentada pelo governo de
FHC e as suas elites. Tentando mudar o foco real da ação dos índios o
governo federal - através do Ministro José Sarney Filho, Ibama e
Funai - insiste na retirada dos índios do Monte Pascoal, se preciso,
à força; porém aos Pataxó é conferido o direito de permanecerem na
terra, resistir e construir conjuntamente os seus planos para o
futuro de suas comunidades alí presentes, nem que para isso tenha que
enfrentar os caprichos do governo, que, não pensa em outra coisa, a
não ser preparar a região extremo sul da Bahia para os 500 anos e,
deslavadamente, tentar fazer as suas festas na terra dos outros,
impor os seus monumentos portugueses, seus museus de heróis
sanguinários e suas riquezas às custas de sangue índio e negro.
A resposta dos índios está dada; virá a caminho os negros e os
setores populares, para somar forças e, definitivamente construir
outro modelo de sociedade, neste Brasil que sempre será nosso.
Viva os Pataxó ! nossa Chiapas está sendo construída...
Sumário Santana
é do Cimi Leste na Bahia.
From: Anarquista Agnostico Punk anarquista@yahoo.com
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